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quinta-feira, 2 de julho de 2009

O 'coming out' dos assexuados


*uma homenagem à Zý*

Assexuados começam a sair do armário e, com a ajuda da internet, assumir sua indiferença pelo sexo.

por: Carlos Albuquerque

Num mundo em que o poder do sexo é vendido em pílulas e a sensualidade parece transbordar das nossas televisões, pessoas como Fabiana (nome fictício) parecem peixinhos nadando contra a grande corrente do desejo. Com 25 anos, ela frequenta a Lapa, vai a rodas de samba e noites de rock no Circo Voador. Sai com amigos para beber, gosta de cinema (Tarantino é seu diretor predileto), ir à praia e dançar. Vive uma rotina igual à de tantas outras cariocas da sua idade, com uma crucial exceção: o sexo não faz parte dela.

- Não sou virgem, eu simplesmente não tenho o sexo como prioridade da minha vida - diz ela, por telefone. - As pessoas ao meu redor reparam que eu não namoro, mas acham que eu tenho casinhos por aí. Só minhas amigas mais próximas sabem da real situação. Como são amigas de verdade, elas entendem essa minha posição. Mas, no geral, é muito chato ter que ficar escondendo isso. Eu fico me sentindo um ser de outro planeta, um verdadeiro ET.

Mas ela não é uma "alienígena" solitária: faz parte de um grupo - os assexuados - que, aos poucos, bem timidamente, começa a sair do armário para mostrar à sociedade que a vida sem sexo pode - não pode? - ser considerada normal. São pessoas que trocam o sexo por qualquer outra atividade - leitura, televisão, esportes etc - aparentemente sem nenhum problema. E é justamente aí, dizem os especialistas, que pode estar a diferença entre considerar isso uma opção de vida - mesmo que indo contra a sua própria natureza, de procriar e perpetuar a espécie, como outros animais - ou uma doença.

- Existem dados da Organização Mundial de Saúde que mostram que 7% das mulheres e 2,5% dos homens garantem viver perfeitamente sem sexo, não tendo qualquer problema com isso - diz a psiquiatra Carmita Abdo, professora da Faculdade de Medicina da USP e coordenadora do Projeto de Estudos em Sexualidade do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas. - Em termos médicos, acredito que isso não deva ser estigmatizado, considerado um desvio, doença ou atribuído qualquer valor negativo. Desde que, e isso tem que ser ressaltado, a pessoa não demonstre qualquer desconforto, estresse ou sofrimento com tal atitude. Se isso acontecer, aí sim isso pode significar um problema, que deve ser avaliado, já que ele pode ter várias causas.

Entre essas possíveis razões, diz a psiquiatra, estão a baixa produção de hormônios, uma possível depressão, conflitos de relacionamento, um abuso sexual ou mesmo uma decepção amorosa.

- Há muitas possibilidades e uma não exclui necessariamente a outra - afirma ela. - Pode haver uma baixa produção de hormônios, associada a uma depressão por problemas de relacionamento, causando esse, digamos, esquecimento do sexo.

Essas causas, porém, não aparecem com frequência nos tópicos das crescentes comunidades sobre assexuados na rede social Orkut. É ali, no mundo virtual e muitas vezes anônimo da internet, que os assexuados parecem se sentir mais à vontade para discutir ou mesmo celebrar a sua opção de uma vida sem sexo.

- Acho que sexo pode até ser legal, mas não é o principal. Se eu encontrasse caras que se contentassem apenas com afetos e carinhos, ficaria feliz para o resto da vida porque hoje em dia, está tudo tão sexualizado, tão carnal - escreve um integrante da Comunidade dos Assexuados, que conta com 818 membros.

Esse ponto de vista tem a compreensão da psicóloga Laura Muller, especialista em sexualidade pela Sociedade Brasileira de Estudos em Sexualidade Humana (Sbrash) e consultora do programa "Altas horas", da TV Globo.

- De fato, vivemos numa cultura que banaliza e ao mesmo tempo reprime a sexualidade, causando uma certa confusão - diz ela. - Vivemos sob um conjunto de regras sobre o que pode e não pode ser feito. Em torno delas, decidimos o que fazer de nossas vidas. E aí a pessoa pode optar, simplesmente, por não priorizar o sexo. É delicado cobrar a presença de sexo na vida de uma pessoa ou dizer que se trata de uma doença. Afinal, a vida é dinâmica e cada um de nós tem um jeito de encará-la.

Nos tópicos de outra comunidade em português, Assexuados (864 integrantes), seus integrantes discutem como fazer para não se sentirem discriminados com o que consideram uma postura normal. Isso inclui até mesmo o que fazer em caso de assédio.

- No meu trabalho tem uma mulher, muito linda, que me assedia. Faz provocações, até já me convidou para sair - descreve um integrante. - Eu acho que todos os caras do meu trabalho têm tesão por ela e nunca iriam recusar um convite dela. Então fico preocupado com o que eles vão pensar de mim. Não quero que pensem que sou homossexual, e não quero que ela pense que sou homossexual. Ela é uma mulher com quem eu namoraria, mas sem sexo, só para sair, passear, ir ao cinema, se divertir com outras coisas.

Para Elizabeth Abbott, pesquisadora associada do Trinity College, na Universidade de Toronto, a assexualidade, assim como a homossexualidade, é uma opção que pode ser "incrivelmente dura" de ser assumida em público.

- Nossa sociedade dá um valor muito alto ao sexo e ao desempenho no ato. Espera-se que todos só pensem nisso - conta ela, que, em 1999, lançou o livro "A history of celibacy". - E até recentemente os assexuais viviam no armário, assim como os homossexuais. Mas o que está acontecendo agora é que eles encontraram na internet um meio apropriado para se comunicar e compartilhar suas experiências e dúvidas. Afinal, eles vivem num dilema constante. Para eles, a assexualidade é perfeitamente normal. E para a sociedade movida pelo sexo, isso é totalmente anormal e incompreensível.

Elizabeth acredita que o impulso sexual é determinado desde o nascimento, ou seja, ele é genético.

- A sexualidade é uma característica natural das pesssoas, mas o nível varia entre elas, chegando a ser muito baixo ou inexistente em algumas delas. Veja o ex-presidente Bill Clinton. Ele parece ter um nível muito alto de impulso sexual. Ele vive num extremo. No centro, está a maioria das pessoas, embora eu não goste de definir o nível normal de sexualidade. E os assexuados estão no outro extremo. Por isso, classifico a assexualidade como a baixa ou a total ausência de impulso ou desejo sexual.

A falta de apetite sexual pode ser temporária, ressaltam os especialistas, trazendo um pouco mais de confusão para o já delicado mundo dos assexuados e seus limites.

- Muitas pessoas, em determinados momentos da vida, canalizam a libido para outros interesses, confundindo a definição do que é o assexuado - assegura Carmita Abdo. - Uma pessoa que trabalha muito e está voltada para o seu progresso profissional, tem menos libido do que uma outra que não tem essa preocupação.

Nas mulheres, diz ela, isso pode ser dar também a partir da menopausa, quando ocorre a diminuição da produção dos hormônios sexuais.

- Principalmente a testosterona, que a mulher também produz, por meio dos ovários e das glândulas supra-renais, e é o hormônio motivador do desejo. De qualquer forma, é impossível deixarmos de pensar que se o assexualismo fosse regra, a Humanidade estaria extinta. Para a nossa espécie, sexo quer dizer vida.

Fonte: O Globo

5 mensagens no chat:

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